Viagem Atribulada (continuação 2)

Sydney Havia muito movimento no aeroporto, o calor sufocava, crianças suadas corriam de um lado para o outro com canetas e papeis na mão. Algumas aglomeravam-se em círculos e, por entre cotoveladas e empurrões, conseguiam chegar ao centro. Pouco depois saíam com um ar triunfante, gritando – Mamã!! Papá!!! Consegui!!! Eles assinaram a minha bola! – Seguindo depois o seu caminho, cheios de orgulho, com a mão dada ao pai. Estava eu perdida na observação destes acontecimentos quando, subitamente, fui interrompida pela minha prima.

- Que barafunda! Já viste? Quem é que será o centro de tanta atenção?!

- Algum “actorzeco” de cinema. – respondi-lhe, não manifestando nenhum interesse em particular.

- Acho que vou até lá ver quem é. – disse-me Marta, levantando-se e dirigindo-se para o meio da confusão.

- Não te demores! Olha que devem estar prestes a chamar para o embarque. – lembrei-lhe.

- Não te preocupes, volto já. – e dizendo isto, deu-me costas e continuou a andar.

Entretanto, a segurança tinha já conseguido afastar uma boa parte da multidão em histeria e, agora, já se conseguia ver qual o alvo de tanta atenção. Eram, nada mais nada menos, que os jogadores da Selecção Portuguesa de Futebol. Reconheci de imediato alguns deles e recordo-me de ter ficado intrigada com as feições de outros que desconhecia e, embora não seja uma grande adepta desta modalidade desportiva, acabei por ficar a observá-los fixamente. Vicente, um dos jogadores, olhou para mim. Eu, envergonhada, chamei a Marta, (que já se encontrava em amena cavaqueira com os jogadores), peguei, rapidamente, numa revista que levava comigo e folheei-a, para disfarçar.

- Já vou Ana! Só mais um bocadinho. – respondeu-me Marta.

- ‘Tá bem! Mas não te demores. – adverti-a, olhando novamente na direcção das vedetas e, ao verificar que já não me olhavam, senti-me aliviada.

- Já consegui um autógrafo do Pedro!! – diz-me Marta visivelmente excitada, uns bons cinco minutos depois.

- Mas tu sabes quem ele é?! – perguntei, algo surpreendida.

- Claro que sim! É um dos melhores jogadores do mundo e o meu pai é um grande fã dele. Eu, para ser sincera, não ligo muito a futebol, mas tens que concordar que ele é um borracho! – respondeu-me.

- É verdade, se não fosse comprometida, chamava-lhe um figo! – disse-lhe e rimos ambas com vontade.

Mal acabei de proferir estas palavras deram o sinal de embarque pelos altifalantes, ao que eu e Marta nos levantámos, começando a carregar a imensa bagagem de mão que transportávamos connosco. Quase caímos de tão carregadas que estávamos. Procurei na carteira os passaportes e os bilhetes e, quando os encontrei, coloquei-a ao ombro, desabafando para a Marta:

- Maldito calor!! – ao que ela anuiu.

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